dimanche 17 mars 2013

Amor Maduro – Amor dos Cinquentões !

“O verdadeiro amor nunca se desgasta. Quanto mais se dá mais se tem.”
(Antoine de Saint-Exupéry)


“Em minha prática clínica, tenho me deparado com o tema do amor entre pessoas com mais de 50 e tenho percebido que os maduros amam com mais qualidade. Isto tem uma explicação sistêmica: é que chegada a idade madura, as pessoas estão mais carentes, já sofreram muitas perdas, perderam a ilusão quimérica da vida, do sucesso fácil, do dinheiro fácil, do glamour fácil. Estão mais sozinhos (não têm mais papai e mamãe sempre por perto - os suportes amorosos mais verdadeiros do ser humano), já estão profundamente conscientes da solidão intrínseca de cada ser vivente e, então, de repente, cada agrado é mais substancial, cada aconchego é recebido com muita alegria, cada troca humana é intimamente agradecida e louvada.

Nessa fase, você não exige mais do outro. Você o ama porque o ama, você aceita o outro como o outro é e não pelas idealizações que o jovem costuma fazer: "Ah, se tu fosses assim, se tu fosses assado." O amor maduro ama. Ele (a) é assim e eu o (a) amo porque no contato eu saio mais enriquecida (o) . Este amor tem, como contraponto, uma capacidade infinda de, justamente, mudar o outro. Quando a pessoa se sente aceita no que é; ato seguinte já está pronta para a mudança. Isto é fantástico!

Vejam que contra-senso: enquanto você guerreia para que o outro mude, o outro não muda porque, justamente, quer ser aceito incondicionalmente. Estas químicas não se explicam; assim como o amor não se explica. Mas, poderia você estar a se dizer porque muitas vezes já ouviu falar: a pessoa carente precisa primeiro se curar para depois poder amar. Olha, amigo (a), o amor nada mais é do que um suporte de carências duplas. No amor, eu seguro a "criança" do outro, o outro segura a minha e nós nos tornamos maiores e melhores porque temos o olhar emocionado do outro sobre as nossas mazelas.

Então, é interesse? – poderia estar alguém a pensar também. Amigo, o amor é troca. Não existe amor que sobreviva sem este duplo. No amor, eu me alimento do outro; o outro se alimenta de mim. 

É esta a própria essência de todos os amores. Quando nascemos, nossa mãe é nosso primeiro amor, ela nos alimenta, nos aconchega, faz passar nossas dores e desconfortos e o bebê sente que precisa desta mãe, e por ela desenvolve um grande apego. A mãe também precisa do bebê. No ato de cuidar e nutrir aquele ser totalmente dependente dela, ela se nutre de uma auto-estima que cresce porque se sente produtiva e útil, e ama aquele serzinho que lhe propicia isto.

Quando crescemos, “temos” que abandonar este amor - afinal estamos grandes, não podemos ser dependentes (a sociedade nos exige isto) e nossos hormônios nos impulsionam para o sexo contrário. Neste contexto, surgem os primeiros namoradinhos (as) que nada mais são do que substitutos daqueles primeiros amores infantis. Mas o jovem não está tão calejado ainda. Vai lá, escolhe um, confunde as coisas, pensa que é o certo. Confusões, acertos, desacertos até chegarmos à idade madura, quando bate uma vontade muito forte de resgatar o que é realmente importante e vital. E o amor maduro é, por isso, mais valorizado e louvado. Mais vivenciado e agradecido.”

Onete Ramos (psicóloga)